Equador vai às urnas para substituir Correa

fevereiro 16, 2017.

Neste terceiro domingo de fevereiro a eleição presidencial no Equador tem como novidade a ausência de Rafael Correa entre os candidatos. Depois de ser reeleito por duas vezes ele desta feita decidiu não concorrer “por razões familiares”. Irá para a Bélgica, terra natal de sua esposa, ficando mais próximo das duas filhas que estudam na França. Vida de presidente latino-americano é outra coisa!

Sete candidatos estão na disputa: Lenín Moreno, 63, em sua cadeira de rodas (é paraplégico), vice de Correa em um de seus mandatos anteriores pela Alianza País, defendendo uma plataforma de continuidade; Guillermo Lasso, 61, banqueiro com ideias neo-liberais; a apresentadora de TV Cynthia Viteri, 51, pelo Partido Social Cristão; Paco Mancayo, 76 pela Esquerda Democrática (ID), ex-prefeito de Quito e herói da guerra de 1995 contra o Peru; e quatro outros sem expressão. Para vencer no 1º turno é preciso obter 40% dos votos e superar em 10% o 2º colocado. As pesquisas indicam o oficialista Moreno com 28% das intenções de voto, contra 18% para Lasso, 11% para Viteri e 7,5% para Mocayo. O favoritismo de Lenín Moreno é prejudicado pela figura de seu vice Jorge Glas (também atual vice de Correa), denunciado por receber e distribuir propinas no megaescândalo da Petroecuador, em ponto menor algo como o caso da Petrobrás. Lasso perdeu as eleições de 2013 ao receber somente 23% dos votos contra 57% de Correa que, se concorresse, certamente ganharia um quarto mandato.

[caption id="attachment_3733" align="aligncenter" width="300"] Lenín Moreno, em cadeira de rodas, e Guillermo Lasso, principais candidatos para eleição de 19/2/2017 no Equador (imagem de El Commercio - Quito)[/caption]

Três temas principais compõem a pauta das campanhas: economia, corrupção e o legado de Rafael Correa, o autoritário presidente que após dez anos no poder absoluto, no qual a calma política reinou no país, tem 40% de aprovação popular e divide o país em dois, os que o defendem e os que o acusam. O Equador faz parte do bloco bolivariano da América Latina, sempre ao lado de quem estiver no comando da Bolívia, Venezuela, Nicarágua e de Cuba.

A corrupção segue o rastro deixado pela Odebrecht no continente, envolvendo as hidrelétricas de San Francisco, Pilatón, Manduriacu e Pucaré; a refinaria do Pacífico, o aeroporto de Tena, o metrô de Quito, entre outras obras. A economia, totalmente dolarizada, é o calcanhar de Aquiles do governo desde 2015 quando os preços do petróleo no mercado internacional começaram drasticamente a baixar, atingindo o orçamento equatoriano que é majoritariamente dependente do ouro negro. O desemprego voltou aos níveis de 2006 atingindo a 350 mil pessoas e para agravar a situação, persistem as consequências do terremoto do ano passado. A administração de Correa também é acusada de reprimir protestos populares e de controlar a imprensa, restringindo o direito à liberdade de expressão, do que resulta um forte desgaste em sua imagem e reduz as chances de que Lenín Moreno vença já neste domingo.

O candidato que teria possibilidades reais de derrotá-lo em um eventual 2º turno seria Paco Moncayo que é muito respeitado no país, mas nenhuma das pesquisas o coloca em posição favorável. Não obstante, face ao baixo perfil de todos os concorrentes, o resultado final em um país claramente fragmentado como é hoje o Equador permanece sob a sombra da dúvida em função do elevado número de eleitores que se declaram indecisos (cerca de 35% do total), mas que terão de optar - caso não anulem ou votem em branco -, pois o voto é obrigatório para os 19,2 milhões de equatorianos que têm a tarefa de escolher quem irá para o Palácio de Carondelet a partir de 24 de maio próximo quando finalmente Rafael Correa deixará a cadeira presidencial.(VGP)

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