Homo Sovieticus de Svetlana Aleksievitch

janeiro 21, 2016.

'Segundo a teoria de Darwin, não são os mais fortes que sobrevivem, mas os mais capazes para se adaptarem ao meio ambiente. São os medíocres que sobrevivem e perpetuam a espécie', lembra uma estudante russa de 21 anos entrevistada por Svetlana Aleksievitch logo no início de uma obra que se propõe a ser um réquiem à Rússia (na verdade ao Sovok, o termo depreciativo pelo qual é conhecido pelos moscovitas o regime soviético) surgida logo em seguida à desagregação da URSS a partir de 1991.

O FIM DO HOMEM SOVIÉTICO, da Prêmio Nobel de Literatura 2015  Svetlana Aleksievitch (vide texto de 9/10/2015 neste site, na aba dedicada a Literatura, sobre a obra de Svetlana) já está nas livrarias brasileiras - oferta da Saraiva que vende a obra de 472 páginas por R$ 112,00 - em elaborada apresentação pela casa lisboeta Porto Editora. Ela é uma documentarista que dá voz aos homens e mulheres que participaram da história. Aqui, são vinte entrevistas, dez do tempo de Gorbachev e dez da fase atual, em que Vladimir Putin estaria firmemente dedicado a levar o país de volta aos tempos medievais com seu culto à força.

As vozes de pessoas comuns a todo momento surgem no texto.

- 'O homem russo nem quer ser rico, tem até medo. Sempre quer o mesmo, que o outro não fique rico, mais rico que ele'.

- 'Você não vai encontrar uma pessoa honesta aqui, mas tem pessoas santas'.

- 'A Rússia mudou e odeia a si mesma por ter mudado'.

Destacando que Homo Sovieticus são são apenas os russos, são também bielorrussos, turcomenos, ucranianos, casaques, completa: 'quando perguntados como deve ser o país - forte ou digno - escolheram o primeiro e agora novamente chegou o tempo da força. Os russos estão guerreando com os ucranianos. Com irmãos. Meu pai é bielorrusso, minha mãe é ucraniana. E os aviões russos bombardeiam a Síria (outro país irmão)'.

Fala de um Tempo de Desencanto, apropriadamente o subtítulo do livro, em que novas gerações sob a batuta de Putin glorificam os feitos de Stalin. 'Encontrei alguns russos jovens com a foice, o martelo e o retrato de Lenin estampados nas camisetas. Saberão eles o que é o comunismo?'.  E diz ao que se propõe: 'tentarei escutar honestamente todos os participantes do drama socialista'.

[caption id="attachment_2690" align="aligncenter" width="200"]O fim do homem soviético, poor Svetlana Aleksievitch, Prêmio Nobel de Literatura em 2015. O fim do homem soviético, poor Svetlana Aleksievitch, Prêmio Nobel de Literatura em 2015.[/caption]

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