Parteiras combatem MGF no Sudão do Sul

dezembro 25, 2015.

A prática da Mutilação Genital Feminina (MGF ou GFM na sigla em inglês) ainda é extremamente comum na África, favorecida pelas mulheres que desde muito cedo submetem as filhas e pelos homens que a ela relacionam os ritos de prazer sexual. Consiste na remoção por um curandeiro, praticante de medicina tradicional, do clítoris ou - nas suas formas mais invasivas - até mesmo dos grandes lábios vaginais. Estima-se que mais 125 milhões de mulheres em 29 países africanos e do médio Oeste (mais de 90% no Djibouti, Egito, Mali, Sudão, Iraque) foram submetidas à circuncisão feminina que em alguns países é conhecida como "circuncisão sunita". A Organização Mundial da Saúde desde 2012 condena a MGF como séria violação aos direitos humanos das mulheres, pedindo sua eliminação.

Enfrentar costumes tradicionais como este não é tarefa fácil, mas está sendo levada adiante, num exemplo digno de nota, em Al Qadarif - cidade com 336 mil habitantes que é a capital do estado do mesmo nome no Sudão do Sul, fronteira com a Etiópia - pela Escola Gadaref de Parteiras. Denominadas de Parteiras Qapelat (recebedoras), são grupos de 50 a 70 anos alunas entre 19 e 40 anos em cada turma que se submetem a um curso de 15 meses em tempo integral, aprendendo que a realização de qualquer tipo de MGF é um crime e, se descoberto, significa a retirada imediata do seu diploma. Uma pesquisa realizada na província constatou que entre 37% e 43% das meninas entre 0 e 14 anos de idade já foram mutiladas. Mas, das 12 escolas existentes no estado, hoje apenas em uma são dados conhecimentos teóricos e práticos de como executar a cirurgia sob anestesia (nem sempre adotada pelos curandeiros).

[caption id="attachment_2608" align="alignright" width="300"]Professora em plena aula na Escola Gadaref de Parteiras em Al Qadarif, Sudão do Sul (imagem Al Jazeera) Professora em plena aula na Escola Gadaref de Parteiras em Al Qadarif, Sudão do Sul (imagem Al Jazeera)[/caption]

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