Mais execuções iminentes na Indonésia de Jokowi

março 04, 2015.

[caption id="attachment_1771" align="alignleft" width="242"]Joko Widodo ou Jokovi, presidente da Indonésia, na foto oficial Joko Widodo ou Jokovi, presidente da Indonésia, na foto oficial[/caption]

A Indonésia, 4º país mais populoso do mundo, parece disposta a desafiar a macabra liderança global chinesa no quesito pena de morte, com suas ininterruptas execuções em série de nacionais e estrangeiros acusados de tráfico de drogas. Não há qualquer comprovação de que essa metodologia de combate às drogas tenha sido eficaz em qualquer país do mundo e o próprio Tribunal Penal Internacional estabelece que apenas assassinos comprovados podem ser sujeitos à pena máxima à qual se opõe em qualquer caso.

Joko Widodo, 53 anos, ex-governador de Jakarta e conhecido como Jokowi, de origem humilde, criou-se em uma das imensas favelas construídas sobre palafitas nas periferias das grandes cidades do seu país. Em julho de 2014 obteve 53% dos votos e derrotou o ex-general Prabowo Subianto que denunciou as eleições como um processo de fraude “massiva, estrutural e sistemática”. Mas Jokowi é popular e se sente forte o suficiente para submeter seus prisioneiros ao pelotão de fuzilamento, negando liminarmente pedidos de perdão insistentemente feitos por governos de outros países que, com base na lei internacional, apelam por seus cidadãos.

Após as seis execuções de fevereiro ultimo (entre os quais Marco Archer Cardoso Moreira), noticia-se que dois australianos – Myuran Sukamaran, 33 , e Andrew Chan, 31 – acabam de ser transferidos da prisão de Bali para a ilha de Nusakambangan, onde é iminente que, por volta da ½ noite (14 horas no Brasil), um pelotão de doze carrascos acabe com suas vidas, cumprindo o ritual bárbaro que teima em persistir como prática dos governos de 58 países ao redor do mundo (22 deles executaram 778 vítimas em 2013, mas isso não inclui a China que omite seus dados).

Na Austrália, um dos principais parceiros comerciais da Indonésia, o clima é de revolta. O 1º Ministro Tony Abbott, que desenvolve frenéticos esforços junto ao governo de Jakarta, disse: “Nós abominamos o crime do tráfico de drogas, mas abominamos também a pena de morte, a qual consideramos ser indigna de um país como a Indonésia.” Maior pressão está sendo sentida pelos balineses, receosos de perderem seus principais clientes, diante do crescente movimento liderado por internautas australianos por um boicote geral ao turismo na paradisíaca ilha de Bali.

Também no corredor da morte está o paranaense Rodrigo Muxfeld Gularte, 42, que tentou entrar no pais portando 6 kg de cocaína numa asa delta. Munida de um diagnóstico de médico indonésio que atesta esquizofrenia e com base em lei local que impede a execução de deficientes, a família tenta transformar a pena letal em perpétua com tratamento psiquiátrico em unidade hospitalar especializada, mas são poucas as esperanças de clemência por parte de Jokowi que, aliás, já a negou anteriormente, da mesma forma que o fez em relação a convictos da França, Filipinas, Gana, Nigéria e Austrália.

No mundo são 23.392 pessoas, homens e mulheres, em corredores da morte (sempre exceto a China). No entanto, a Anistia Internacional informa que 140 nações aboliram a pena máxima de seus códigos jurídicos. Execuções como vingança oficial não deveriam, em pleno século XXI, ser parâmetro para quem quer que seja, mas a civilização ainda não chegou a muitos lugares nesse aspecto, inclusive aos Estados Unidos.

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