Entre o Iraque e a Tunísia

outubro 24, 2014.

A polícia iraquiana denunciou o uso de gás cloro pelo Exército Islâmico (ISIL) no mês passado. É a primeira vez que armas químicas surgem nas mãos dos terroristas.

Em outro front, prossegue a luta contra o regime de al-Assad. O Líbano anunciou que não mais aceitará refugiados da guerra da Síria, exceto em casos excepcionais. Isso porque já abriga 1,1 milhão de fugitivos do conflito, ou seja, 1/4 de sua população. E a oposição síria acaba de assumir o controle do posto limítrofe de Umm el-Mayathen na província de Daraa, o que lhe dá o controle da fronteira com a Jordânia.

No outro lado do Mediterrâneo, no berço da Primavera Árabe, a Tunísia realiza eleições presidenciais em 23 de novembro próximo, um mês depois do pleito legislativo que acontece neste domingo para escolher entre 13 mil candidatos os 213 novos ocupantes da Assembléia Nacional. A legislação diz que basta coletar dez assinaturas dos atuais deputados para validar uma candidatura à presidência. Assim, há 70 candidatos, entre os quais quatro mulheres (extraordinária novidade) para a disputa de novembro. O Partido islâmico Ennahda que venceu as legislativas de três anos atrás decidiu não apresentar candidato. O atual presidente interino, Moncef Marzouki, que concorre à reeleição como independente, tem algum favoritismo nas pesquisas de opinião, Beiji Caid Essebsi do Nidaa Tounes, o principal grupo de oposição. Há forte influência do capital externo. De um lado, o megaempresário Slim Riani, que fez fortuna na Lìbia e é considerado o Berlusconi tunisiano, representa a União Patriótica Livre que se vangloria de não ter qualquer ideologia. De outro lado há o apoio financeiro a campanhas variadas das monarquias petrolíferas do Golfo, notadamente do Qatar e dos Emirados Árabes Unidos. Todo o esforço do movimento popular que derrubou Zin el Abidin Ben Ali em 2011 pode ter sido inútil, diante da fragilidade da política tunisiana.

LEGISLATIVAS - VITÓRIA DO NIDAA TOUNES. Resultados da contagem de votos nas eleições legislativas deste 26 de outubro de 2014 indicam, de acordo com o site Foreign Policy, que o partido secular Nidaa Tounes obteve 80 cadeiras (37% do total), enquanto o partido islamista moderado Ennahda contentou-se com 67 postos (31%). Tudo indica que nenhuma agremiação política conquistará a maioria, forçando a negociação de alianças para governar. O comparecimento às urnas, não obrigatório, chegou a 60% dos 5 milhões de tunisianos habilitados a votar.

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