Surpresas nas eleições brasileiras

outubro 06, 2014.

Nesse domingo, 5 de outubro de 2014, o Brasil realizou eleições gerais para presidente, governadores, senadores e deputados, tendo todos os resultados conhecidos já por volta das 20 horas do mesmo dia. Os Institutos de Pesquisa foram os grandes derrotados, ao errarem de maneira grotesca muitos dos principais resultados. Veja a seguir um resumo dos eventos mais notáveis.

- A atual presidente Dilma Rousseff que tenta a reeleição e esteve perto de vencer já no 1º turno, perdeu substância na ultima semana da curta campanha eleitoral e teve de se contentar com 41,5% dos votos;

- Seu adversário para o 2º turno será Aécio Neves do PSDB que à última hora surpreendeu saltando do 3º lugar para uma ameaçadora segunda posição com 33,6% dos votos;

- A candidata do PSB, Marina Silva, fracassou novamente. Sem estrutura partidária, propostas pouco convincentes, escassos recursos e mínimo tempo de exposição na TV, Marina não conseguir resistir à pesada campanha de desconstrução de sua imagem e de difamação promovida pela militância do PT, terminando por retornar ao patamar de votação que alcançara no pleito de quatro anos atrás;

- O Partido dos Trabalhadores (PT) que está há doze anos no poder e tem uma imensa máquina administrativa, financeira e eleitoral nas mãos, teve desempenho bem inferior ao esperado. Ademais de importantes vitórias em 1º turno em Minas Gerais e Bahia, elegeu seu candidato apenas no Piauí. Ainda segue na luta (em 2º turno) em três estados. Entre os derrotados estão figuras de primeira linha do Partido, como a ministra Gleissy Hoffmann que ficou em 3º no Paraná; o agora ex-senador Eduardo Suplicy que após 24 anos no cargo viu-se derrotado por José Serra do PSDB em São Paulo; os presentes governadores do RS, Tarso Dutra (ficou em segundo e ainda vai disputar com o favorito Ivo Sartori, ex-prefeito de Caxias do Sul, do PMDB), e do DF, Agnelo Queiroz que além de não obter a reeleição para o cargo viu-se relegado a uma vexatória 3a. posição devido aos fortes índices de rejeição que o fizeram ser abandonado pelos próprios correligionários. Acima de tudo o PT vê ameaçado seu projeto de permanecer indefinidamente no poder diante da incerteza da recondução de Rousseff ao posto de Presidente;

- Como figuras de proa e certamente relevantes de ora em diante na política brasileira, ressaltam os nomes de Geraldo Alkmin eleito governador de São Paulo com 12,2 milhões de votos e o senador Álvaro Dias que conquistou 77% dos votos no Paraná, além do agora senador José Serra;

- Outro importante tropeço foi o do ex-Ministro da Saúde Alexandre Padilha que baseou sua campanha ao governo de São Paulo no programa Mais Médicos que importou milhares de médicos cubanos para atuarem em áreas remotas, e obteve apenas 18% dos votos ficando numa longínqua terceira posição, atrás de um empresário e do eleito por ampla maioria G. Alckmin;

- No balanço geral dos resultados para Governador, o PMDB permanece como a principal agremiação política brasileira (venceu em 7 Unidades Federadas), seguida na ordem por PSDB e PSB (5 cada) e pelo  PT (4 ). Na área federal vigora uma aliança de conveniência entre PT e PMDB, mas nos estados as coligações e acordos variam caso a caso, formando um caldo indefinido no qual as posições ideológicas inexistem;

- No 1º turno a disputa foi decidida em treze Unidades Federadas com esta distribuição: PMDB 4 – PT 3 - PSDB 2 – PSB, PDT, PCdoB, PSD 1 cada;

- Restam quatorze Unidades Federadas para decisão final dia 26 de outubro entre os dois primeiros colocados. Os 24 candidatos estão assim distribuídos: PT 3 - PMDB 7 - PSDB 4 - PSB 4 - PDT, PR, PROS, PRB, PSB, PP 1 cada;

- No Distrito Federal (Brasília) a luta acontecerá entre Rodrigo Rollenberg do PSB que teve 45% das preferências e Jofran Frejat do PR com 28%. Apesar da diferença, espera-se uma eleição dura e de resultado indefinido, considerando que Frejat entrou tardiamente na campanha e mesmo assim conseguiu a proeza de suplantar a máquina de votos que o governador Agnelo detinha;

- Caso continue no forte viés de alta demonstrado nos dias finais da volta inicial, Aécio Neves poderá superar Dilma Rousseff e tornar-se o próximo presidente do Brasil, mas para tanto terá de anular o tremendo poderio eleitoral demonstrado pelo PT nas três eleições precedentes. Este é o 5º pleito sucessivo em que PT e PSDB se enfrentam, com três vitórias para o primeiro e duas para os tucanos.

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